Irmão de Emicida aponta plágio em nova música de Juliette e Duda Beat e se revolta: “Sem ética nenhuma”

O músico e produtor Evandro Fióti utilizou suas redes sociais para expressar sua indignação com o que ele descreveu como “roubo conceitual” da música ‘Magia Amarela’, interpretada por Juliette e Duda Beat. Fióti apontou semelhanças com o hit “AmarElo” de seu irmão Emicida, enfatizando a necessidade de abordar questões de apropriação cultural e ética no meio artístico.

“A gente precisa dar o nome que as coisas tem. A gente está assistindo a um caso de apropriação. Está vendo, mais uma vez, a branquitude se unir, sem ética nenhuma, pra se apropriar de criações de pessoas negras. É um absurdo a gravidade do que aconteceu. E vocês nem sabem o que é aquilo ali ainda, eu sei. Vocês vão ficar de cara quando eu falar o que é. Eu participei da negociação disso que a gente viu hoje. Achei muito sem escrúpulos. Achei muito sem ética nenhuma”, iniciou ele.

Fióti criticou a falta de ética, especialmente em relação à apropriação de criações de artistas negros por parte de pessoas brancas. “Isso é muito triste de comprovar. Quando a gente vê uma situação como essa e ninguém teve a capacidade, a decência, de levantar a mão dentro de uma mesa de uma reunião, da aprovação de uma música e dizer: ‘isso está errado’. Vai dizer o quê? Que é ignorância? Vai dizer que se apropriou e colocou a música como amar é o elo na composição e que isso não teve uma fonte de inspiração? Que isso não teve nenhuma ligação com um dos trabalhos mais relevantes dos últimos tempos da música? Da criação de um artista negro. Ainda tendo que fazer dez vezes mais pra ter o mínimo de reconhecimento, espaço e de respeito. E depois de vencer todas essas estruturas, a gente conseguiu. Mas estando no lugar que estou, como o empresário, falo tranquilamente: 99% dos artistas deprimem e morrem antes. Desistem. Esse atravessamento mata os artistas”, afirmou.

Irmão de Emicida vai processar responsáveis

Além disso, o irmão de Emicida apontou a relevância da questão em um contexto mais amplo, observando a disparidade na obtenção de prêmios na indústria musical e a dificuldade que os artistas negros enfrentam para alcançar o reconhecimento merecido. Ele reiterou a importância de utilizar a diplomacia para abordar a questão, canalizando o ódio de maneira construtiva para promover mudanças na percepção do mercado.

“Tem banda de artista branco que a gente encontra em todo o lugar que mal lançou um disco e já ganhou um Grammy. A gente levou 12 anos pra ganhar o Grammy. E o trabalho que a gente ganhou o Grammy acabou de ser roubado conceitualmente. Tem noção do ódio que isso gera? Só que essa não é a arma que a gente vai usar. É isso que eles esperam da gente. Não vou usar essa arma, a gente não vai usar essa arma. A gente vai usar a diplomacia, como a gente sempre usou. Mas o ódio canalizado é um ótimo instrumento de luta. E a gente precisa canalizar o ódio para algo que mude a percepção das pessoas nesse mercado”, explicou o produtor.

O produtor também revelou que a música ‘Magia Amarela’ faz parte de uma estratégia de campanha de reposicionamento de uma marca. “Não vou falar a marca. Mas essa parte é mais chocante ainda. Essa música faz parte de uma estratégia de uma campanha de reposicionamento de uma marca, que amanhã a gente vai começar um outro processo de diálogo com eles. Só que essa marca negociou com a gente, só que a gente não chegou a um acordo por cronograma, prazo e questões financeiras também, porque a verba que eles tinham não justificava a entrega que a gente tinha que fazer”, destacou Fióti.

Ele ainda ressaltou a necessidade de manter o foco na denúncia da falta de ética no mercado, sem promover ataques às artistas Juliette e Duda Beat. Pelo Twitter, o irmão de Emicida indicou que vai à justiça para resolver o caso. “Sobre apropriação e tudo aquilo que a gente discursa sobre ética? Então, esse mercado tem bem pouco. Sem criticar as artistas que inclusive admiro. Mas nosso jurídico vai trabalhar!”, alfinetou.