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O arrebatador e delirante filme da Netflix que vai deixar você sem fôlego e grudado à tela

Escrito por   em 02/07/2023

“Os Piratas: Em Busca do Tesouro Perdido” (2022) precisou de uma remada vigorosa para não ser levado pela maré. Concebido como uma sequência de “Os Piratas” (2014), de Lee Seok-hoon, o filme de Kim Jeong-hoon teve que ser reescrito, tarefa designada a Chun Sung-il, após os atores Son Ye-jin e Kim Nam-gil, escolhidos para os papéis principais, desistirem do projeto. Como se não bastassem os percalços internos, quando tudo estava pronto para o retorno das filmagens, no verão de 2020, a pandemia de covid-19 surgiu, adiando a estreia do longa-metragem para o festival Chuseok, no outono de 2021.

Alguns dizem que a mudança dos ventos nos bastidores se refletiu no resultado final de “Os Piratas: Em Busca do Tesouro Perdido”, que parece um tanto caótico. Mas essa é uma maldade desmedida. Não seria justo reconhecer o trabalho de Kim Jeong-hoon de outra forma que não como uma digressão artística, quiçá até uma sátira a outros blockbusters do gênero, como aqueles assistidos mundialmente, como os da franquia “Piratas do Caribe” (2003-2011). Logo no início da história, somos apresentados a uma avalanche de personagens, cada um com suas próprias demandas para a audiência, da mesma forma que acontece nos filmes de Hollywood. Portanto, ninguém tem dificuldade em acompanhar o ritmo acelerado da narrativa, que mescla perfeitamente o que acontece apenas na cabeça dos personagens, como desejos inconfessáveis, e os fatos em si. Quem se dispõe a acompanhar a saga ao longo de mais de duas horas é recompensado com uma trama que desestabiliza, um clímax nada convencional e um encerramento que deixa um gosto de quero mais.

A história de “Os Piratas: Em Busca do Tesouro Perdido” não é nenhum mistério. Ela remonta aos últimos anos do século 14, quando a dinastia Joseon foi estabelecida, em 1392, permanecendo à frente do governo da Coreia pelos cinco séculos que se seguiram, até 1897. O desenvolvimentista Joseon era entusiasta da filosofia de Confúcio (551 a.C – 479 a.C), adaptava a cultura chinesa, que considerava mais avançada, para a realidade de seu país e incentivava as artes e a ciência com o aporte financeiro necessário. Nessa época, a navegação comercial também se popularizou e diversas expedições marítimas eram patrocinadas pelo imperador todos os anos. Enquanto os navegadores com a chancela real conquistavam os mares, campanhas extraoficiais tornavam-se cada vez mais frequentes, como a liderada pela pirata Hae-rang, interpretada por Han Hyo-joo, que descobre um mapa do tesouro que pode levar a um carregamento de objetos de ouro roubados do palácio real, perdidos no oceano. Junto a ela vai o bando de assassinos liderados por Wu Mu-chi, interpretado por Kang Ha-neul, que se autodenomina “o maior espadachim de Goryeo”, o reino que antecedeu Joseon, fundado em 918 e que deu à Coreia as características pelas quais a conhecemos hoje. Estes criminosos também querem se apropriar do tesouro e não só: a convivência desconfortável é ainda maior porque Mu-chi não admite que Hae-rang, uma mulher, comande o navio, posição que ele mesmo deseja.

Kim Jeong-hoon explora o exagero em seu filme, com sequências intencionalmente desorganizadas, onde retrata as diversas sublevações de uma tripulação endiabrada, os imprevistos da viagem e as tentativas de golpe que os malandros impõem uns aos outros, sem se esquecer, é claro, de desenvolver o romance — ou o que chega mais perto disso — entre Hae-rang e Wu Mu-chi. As performances cativantes de Han Hyo-joo e Kang Ha-neul destacam as diferenças de temperamento de seus personagens. Enquanto a capitã, uma mulher de refinamento visível, é líder de um bando de desordeiros — e o roteiro de Chun Sung-il falha em esclarecer como ela acabou ali —, o personagem de Kang Ha-neul é um nobre vagabundo, que conhece seu lugar e nunca ultrapassa os limites em suas intenções com a mulher, por mais que o desejo o atormente. Os brutos também amam, sim, e em segredo.

“Os Piratas: Em Busca do Tesouro Perdido” mantém o alto padrão da indústria cinematográfica sul-coreana, uma marca já reconhecida pela qualidade de forma e conteúdo. Aludindo a ideias como morte e redenção, traição e lealdade, e as conquistas de bravas mulheres ao longo da história, Kim Jeong-hoon continua a permitir a celebração do cinema de seu país. Eles merecem.


Filme: Os Piratas: Em Busca do Tesouro Perdido
Direção: Kim Jeong-hoon
Ano: 2022
Gênero: Ação/Aventura
Nota: 9/10

Fonte: CinePop


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